segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Encontro com o Autor: Otávio Júnior

O livreiro do Alemão, com Otávio Júnior

6 de novembro, terça-feira, às 17h30min

Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte
Rua Carangola, 288, térreo, Santo Antônio

Inscrições gratuitas e informações no formulário à direita

* os primeiros 50 inscritos receberão o livro do autor, “O livreiro do Alemão”, da Panda Books.

Otávio Júnior contará sua história, a trajetória de uma criança que no meio do lixo encontrou um livro e, desde então, não parou mais de ler. É idealizador e realizador do projeto Ler é 10: Leia Favela, que incentiva a leitura de crianças e jovens nos conjuntos de favelas do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. Também escreve contos, roteiro de histórias em quadrinhos e poemas infantojuvenis.

domingo, 28 de outubro de 2012

O livreiro do Alemão

O próximo convidado do projeto Encontro com o Autor é Otávio Júnior, o Livreiro do Alemão. Saiba mais ele na entrevista abaixo. Em breve mais informações sobre data e horário do encontro.



Otávio Júnior, idealizador e realizador do projeto Ler é 10 – Leia Favela, que incentiva a leitura de crianças e jovens nos conjuntos de favelas do Alemão e da Penha, deixa um pouco – e apenas um pouco – de lado a leitura e lança seu primeiro livro como autor. O título da obra, O Livreiro do Alemão, se deve ao apelido que ganhou por conta do projeto que realiza há 10 anos. Otávio tem apenas 27 anos e além de contador de histórias, é ator e produtor teatral. Desde 1998, então com 15 anos, atua junto a crianças e à literatura. Além de incentivar a leitura, também escreve contos, roteiro de histórias em quadrinhos e poesias infanto-juvenis.

No livro que acaba de lançar, Otávio conta sua história, a trajetória de uma criança que no meio do lixo encontrou um livro e, desde então, não parou mais de ler. A leitura também o “libertou”, como conta na obra: “Sei, por experiência própria, que as crianças daqui têm uma visão muito estreita do mundo. Quase não saem da favela. Tudo é perto. A escola, a igreja, o campo de futebol, o mercadinho, as ONGs. Muitas nem conhecem a praia. Ficam presas aqui  dentro. Foi a leitura que me libertou dessa prisão”.
Posso dizer que tive uma infância feliz e que hoje me sinto realizado ao fazer um trabalho de incentivo à leitura com gente da minha comunidade

Depois que teve seu contato com a literatura, Otávio passou a promover a leitura dentro da sua comunidade. Ao frequentar bibliotecas, eventos literários, saraus, achou que poderia levar essas atividades para dentro da sua comunidade. Foi aí que surgiu o projeto. Ao contrário do que grande parte das pessoas possa imaginar, Otávio se sente feliz em morar no Alemão. “Posso dizer que tive uma infância feliz e que hoje me sinto realizado ao fazer um trabalho de incentivo à leitura com gente da minha comunidade”, diz na apresentação do livro.

Sobre o processo de escrita do livro, Otávio conta que foi interessante por relembrar histórias de sua infância e de seus primeiros contatos com a literatura e de como isso mudou sua vida. Abaixo a entrevista com o livreiro do Alemão.

Otávio Jr. Foto: Divulgação
Otávio Jr. Foto: Divulgação
Como surgiu a ideia do Ler é 10 – Leia Favela?
Depois de meu primeiro contato com a literatura, me interessei pelo assunto de promoção de leitura e visitei várias bibliotecas, feiras de livros, saraus e eventos literários. Tive a ideia de levar esses eventos para a favela, com uma linguagem bem comunitária e com o objetivo de democratizar o acesso aos livros nas favelas, tudo isso atrelado a atividades socioedagógicas, pois não basta dizer que ler é legal, tem que mostrar os sabores e os benefícios. 

O projeto nasceu com a finalidade de assessorar os projetos sociais e escolas nas comunidade. Com a nossa metodologia de mediação de leitura, o Ler é 10 hoje é um centro de pesquisas na prática da leitura em favelas. Nosso público alvo são crianças, mas vamos estender para jovens e futuramente para adultos.


Otávio Jr. durante oficinas do projeto Ler é 10, no conjunto de favelas do Alemão. Foto: Divulgação.
Otávio Jr. durante oficinas do projeto Ler é 10, no conjunto de favelas do Alemão. Foto: Divulgação.
Como é o financiamento do projeto?
O projeto possui dois fieis apoiadores, o Instituto Kinder do Brasil e Afeigraf. Porém as ações são numerosas, a demanda de atividades é muito grande devido ao tamanho dos Complexos da Penha e do Alemão. Nosso sonho é levar livros para todas as comunidades dos complexos, enquanto isso usamos a criatividade para fomentar a leitura com grupos escolares, em casa de moradores, com a biblioteca itinerante.

Como é a receptividade das crianças e dos jovens que participam das oficinas?
Esse reconhecimento é muito caloroso, vejo que as crianças têm gosto pelo conhecimento, pelo novo, e eu sou esse agente, que vai mostrar isso, então elas devolvem com carinho. 

O Ler é 10-leia favela virou um laboratório de pesquisas, eu sempre me capacitei, fiz workshops, participei de congressos e seminários de promoção de leitura e uso a criatividade da própria literatura para criar atividade lúdicas. Esse é o diferencial do projeto, as atividades de mediação, que levam as crianças a pensar, a desenvolver o raciocínio rápido e lógico. Então não é só levar livros, tem que ter bases em pesquisas e usar a criatividade.

Sobre o livro O livreiro do Alemão, que está lançando. Como foi o processo de escrita? O processo foi bem saboroso, me fez relembrar histórias de infância, o meu primeiro contato com o livro, a minha infância na favela, os amigos que se foram, a violência das décadas de 1990 e 2000. Enfim, conto a transformação social que vive através da leitura e como o livro mudou a minha vida.
Como se deu o seu contato com a editora? Foi um convite bem bacana da editora Panda Books, que eu já conhecia e admirava tanto pelo trabalho da editora, como porque enviavam livros para o projeto Ler é 10, desde que mandei um release sobre o projeto. Depois disso veio a idiea de fazer o livro, um grande presente e incentivo para seguir com o trabalho.

Fale um pouco sobre o livro, das histórias que você conta?
Foi um trabalho de memórias. O livro é todo baseado em memórias de um jovem que vive em uma grande favela, que tem amor pelos livros e mesmo sofrendo várias dificuldades tem que se superar diariamente. Bom já contei muito, não vou contar muitos detalhes para o leitor se surpreender.

Qual a importância da leitura para a formação das nossas crianças e jovens hoje, em especial para os moradores da favelas e periferias?
A leitura é tudo, a sociedade tem que se conscientizar e democratizar o conhecimento. Enquanto tem muita gente que quer retê-lo, passando de geração em geração, nossa proposta é quebrar esse pensamento e formar uma comunidade mais consciente, o livro tem esse poder.